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A construção da BR-163 em Mato Grosso, na década de 1970, fez parte do Plano de Integração Nacional (PIN) do Governo Militar e pertencia ao movimento desencadeado na época, cujo tema era: "Integrar para não Entregar!"
Sob pressão para ocupar a região Amazônica, o governo determinou que o Batalhão de Engenharia e Construção (BEC) do Rio Grande do Sul viesse para Cuiabá e instalasse uma base com o objetivo de implantar a BR-163, ligando a capital mato-grossense a Santarém, no Pará.
Em 1971, o então Coronel Antônio Paranhos inaugura o 9º Batalhão de Engenharia e Construção, o 9º BEC e começa a abertura da estrada que viria interligar a região Norte do país às regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Ao mesmo tempo em que foi criado o 9º BEC, em Santarém foi instalado o 8º BEC, que tinha a mesma missão, mas em sentido oposto (Norte-Sul).
Foram cinco anos de muito trabalho, desafios e também perigos, pois se tratava da ocupação de uma região inóspita, nunca antes habitada por “homens brancos”. Ainda em 1971, o Coronel José Meireles assume o comando do 9º BEC e dá início aos trabalhos.
Primeiro partia a equipe de topografia, sozinhos e sem máquinas, os trabalhadores chegavam a ficar 40 dias isolados na mata e os alimentos eram jogados de avião. Eles iam à frente para identificar o traçado da rodovia. Atrás seguiam militares e civis que trabalhavam na construção. Foram mobilizados cerca de 1,5 mil homens, parte vindos do sul do país e parte de mão de obra local.
Foi durante o processo de construção da BR-163 que muitas cidades foram fundadas às margens da rodovia, caso de Lucas do Rio Verde - antigo acampamento dos trabalhadores -, Sinop, Peixoto de Azevedo entre outros municípios.
As situações enfrentadas por esses desbravadores eram críticas. Doenças tropicais, isolamento e até o contato com tribos indígenas traziam muitos problemas aos trabalhadores e militares. Oficialmente, o Exército registra a morte de 32 homens durante as obras de implantação da BR-163. Nenhuma foi causada por acidente, todas decorrentes de doenças, como a malária.
Outro fato que precisou de atenção especial foi a aproximação com os indígenas. A tribo Kreen-aKarore, conhecidos como os ‘Gigantes da Amazônia’, ainda não tinha contato com outros homens e foi preciso convidar os antropólogos Orlando Villas-Bôas, Cláudio Villas-Bôas e Leonardo Villa-Bôas para intervir na aproximação com os construtores da BR-163.
A inauguração da BR-163 ocorreu em 1976, quando os homens do 9º BEC encontram o 8º BEC na região sul do Pará, na Serra do Cachimbo, após cinco anos de trabalhos.
Até hoje a BR-163 não está completamente pavimentada, faltando cerca de 90 quilômetros no Estado do Pará.
Uma nova realidade para a BR-163
O contrato de concessão prevê a duplicação de 453 quilômetros da BR-163 pela Nova Rota do Oeste, um novo capítulo na sua bonita história. Serão R$ 7,5 bilhões em investimentos para o cumprimento contratual.
Desde 20 de setembro de 2014, a BR-163 conta com uma equipe especializada percorrendo e monitorando a rodovia 24 horas, com o objetivo de garantir a segurança e conforto dos usuários.
São prestados serviços de socorro médico e mecânico, remoção de veículo e fiscalização de tráfego ao longo dos 850,9 quilômetros concedidos, entre a divisa com Mato Grosso do Sul e o município de Sinop.