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Acidente com produtos perigosos é tema de simulação inédita na BR-163

Diesel, gasolina e etanol são os produtos perigosos de maior incidência em acidentes na BR-163. De janeiro a agosto de 2018, a Rota do Oeste registrou 91 ocorrências (vazamento, derramamento, entre outros) desta natureza no trecho concessionado da rodovia. Do total, 29 são relacionadas a acidentes. Nesta sexta-feira (17), a Concessionária registrou uma ocorrência diferente. Na verdade, tratava-se de uma simulação realizada na BR-364, em Cuiabá, com as equipes operacionais como parte de um treinamento sobre o tema.

Para a simulação foi montada uma estrutura com as viaturas de inspeção, caminhão-pipa e resgate médico da Concessionária, além das equipes de atendimento do Batalhão de Emergências Ambientais do Corpo de Bombeiros e Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema/MT). A cena simulava uma colisão traseira entre uma utilitária e uma carreta, com derramamento de produto perigoso na pista.

O diretor de Operações da Rota do Oeste, Fernando Milléo, explica que além das equipes que atuam em campo na rodovia, a simulação contou também com a participação de Integrantes do Centro de Controle Operacional (CCO) da Concessionária. A equipe é a responsável por receber as ligações de usuários nos casos de acidentes e dar início aos procedimentos de atendimento.

“Nesta simulação são avaliados vários fatores como o tempo de acionamento das equipes no trecho pelo CCO, as informações coletadas com o usuário que auxiliarão o trabalho no atendimento e o isolamento da área com sinalização para restringir o acesso ao local do acidente. Durante a ação, foi possível avaliar como estão nossas equipes em campo. Além disso, conseguimos promover a integração de diferentes instituições durante o atendimento”, disse Milléo.

Diante do contato com o meio ambiente, o produto perigoso coloca em risco tanto a vida de motoristas, quanto das equipes operacionais que trabalham na rodovia. Entre as ações para agilizar o atendimento nestes casos estão a identificação da substância e o isolamento da área afetada. Responsável pela administração de 850,9 km da BR-163 em Mato Grosso, a Rota do Oeste é a primeira a chegar no local, dando início aos procedimentos. Desde 2014, a Concessionária registrou 516 ocorrências deste tipo.  

“As equipes da Concessionária não atuam no atendimento direto, pois, por se tratar de produto perigoso, a atribuição é do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e outros órgãos. Nosso trabalho é isolar, sinalizar e preparar o local para a chegada das instituições responsáveis”, pontua o diretor de Operações.

Atendimento – Pela lei, a instituição responsável pelo atendimento nos casos envolvendo produtos perigosos é o Corpo de Bombeiros. Em Mato Grosso, este trabalho é realizado pelo Batalhão de Emergências Ambientais. O tenente BM Felipe Saboia, da Companhia de Atendimento a Emergências com Produtos Perigosos, explica que a principal ação neste tipo de ocorrência é o isolamento. Isto é feito para evitar o contato com a substância química e suas reações, além da proliferação na área.

“Dependendo da emergência, buscamos meios de sanar o vazamento ou reduzir seu risco à vida e ao meio ambiente. Para isto, depois de isolar, é necessária a identificação do produto e sua contenção”, acrescenta Saboia. 

Conforme levantamento da Rota do Oeste, das 516 ocorrências de produtos perigosos, 14% foram registradas em Nova Mutum, na BR-163, seguida de Santo Antônio de Leverger (12,5%) e Campo Verde (9,5%), na BR-364. De acordo com o tenente BM Saboia, em média, até a liberação da via para tráfego, a rodovia pode ficar interditada de 4 a 6 horas. O fechamento da pista é necessário para contenção, limpeza do vazamento, transbordo ou destombamento do veículo.

“Quando há vítimas, há também o cuidado com a limpeza da roupa e corpo. Se possível, isto deve ser feito ainda no local, porém, em alguns casos, é necessária a remoção para unidades de saúde, onde são realizados procedimentos de ingestão e inalação para retirada do produto no organismo”, explica. 

Contaminação – A professora do Departamento de Química da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Eliana Dores, aponta fatores, como a alta temperatura e o tempo seco, característicos da região cortada pela BR-163, como potenciais de risco para o agravamento da liberação de gases tóxicos e combustão. Segundo ela, o nível de contaminação varia conforme a quantidade de produto em contato com o solo e sua composição.

“Qualquer substância química em alta concentração representa risco ao meio ambiente. Quando infiltrado no solo, este produto contamina organismos aquáticos, reduz o oxigênio e por isso, precisa ser contido o mais rápido possível. Além do dano à natureza, a inalação ou contato com a pele, também são prejudiciais ao ser humano”, diz Eliana.

Cuidados - No caso de avistar um acidente envolvendo produto perigoso ou estar no local afetado na BR-163, a primeira ação a ser tomada pelo usuário é manter máxima distância possível. Em seguida, a Concessionária deve ser acionada pelo 0800 065 0163 ou o Corpo de Bombeiros (193).

Para melhor identificação do produto, basta visualizar a numeração da placa de produtos inflamáveis, obrigatória para este transporte. A placa laranja fica na traseira ou lateral dos veículos. O número sinaliza o tipo de produto e antecipa o atendimento pelas instituições responsáveis.